programação /exposições

outro outro, Dullmea

activação 16.11, 17h | até 11.01.2025

outro outro esbate as fronteiras entre texto e música, guiado pela imensa vontade de pensar o “outro”. No álbum, Dullmea – que habitualmente compõe sem palavras – funde o seu universo sonoro à música inerente à própria palavra. O desafio de escrever um texto acerca da redescoberta do “outro” foi feito a Pedro Galiza – que frequentemente escreve para teatro. O novo álbum convida à reflexão sobre a experiência da alteridade e também sobre as consequências da sua instrumentalização enquanto fator de exclusão.

outro outro, o novo álbum de Dullmea com texto de Pedro Galiza, deu origem a esta instalação sonora interativa, onde a perturbação do ar abaixo de cada tubo aciona uma frase (musical e textual) diferente, fragmentos esses retirados de uma secção do disco. Os visitantes da instalação são convidados a ativar os tubos em diversas combinações, dando origem a resultados sonoros sempre distintos.

“O estudo do “outro” é, forçosamente, o estudo do “eu”. Todas as fronteiras são imaginárias e a separação é uma ilusão que, ainda que amiúde útil ao poder, à tradição ou à estase, diz muito mais de quem aparta do que de quem é apartado. Escrevi “outro outro” com essa ideia em mente: quem aparta, define-se; quem é apartado, permanece, talvez, sempre indefinível. Livre, ainda que ostracizado.

Fora os devaneios literários e apocalípticos do texto, ouço a voz desta mulher excluída por ter uma “pele assim meio de uma cor assim meio” a ecoar por todo o lado na nossa contemporaneidade. E a sua solidão é tão comum, tão nossa, tão urgente, que mais vale dar-lhe ouvidos do que ficar à espera do fim do mundo.

Pedro Galiza

                                                                             

Música: Dullmea.

Programação e instalação do sistema de sensores: Rui Barreiros.

Contribuição conceptual: Ricardo Pinto.

Contribuição à execução: Manuel Fernandes.

Créditos do álbum:

Texto de Pedro Galiza.

Música de Dullmea.

Voz infantil de Jaime Coelho da Silva Barreiros captada por Rui Barreiros.

Mistura e masterização de Ricardo Pinto.

Capa de Dullmea e Ricardo Pinto.

Apoios:

República Portuguesa – Cultura I DGARTES – Direção-Geral das Artes

Antena 2

Arte Institute – Portuguese Contemporary Culture

CAAA Centro para os Assuntos da Arte e Arquitectura

PLASTIC BITCH, Claudia Clemente

Inauguração 22.11, 22h | até 11.01.25

A auto-representação na arte é um tema recorrente, tanto na pintura como na fotografia. Na senda de artistas como Nan Goldin, Cindy Sherman, Jo Spence, sirvo-me do meu corpo como suporte e tema, matéria-prima para a criação de personagens.

O meu trabalho fotográfico consiste em revisitar o auto-retrato, tentando incutir-lhe um cunho pessoal e contemporâneo, para despertar a consciência e o julgamento (auto) crítico de quem o vê; recusa a passividade do espectador, antes, incita-o a intervir.

Plastic Bitch é o espelho da situação actual – consumismo desenfreado, poluição extrema, esgotamento de recursos naturais,  produção exacerbada de lixo – o espelho incómodo onde vemos reflectido aquilo em que, enquanto sociedade, nos transformamos: plastic bitches.

CORRESPONDÊNCIA CRUZADA, Adriana Oliveira e Joana Paraíso

Inauguração 16.11, 15h | até 11.01.25

Curadoria: Daniel Lobo

Todas as obras presentes são a concretização não só da vontade criativa em manter contato entre duas artistas, como também, acima disso, de um tecer territorial. À medida que as obras são enviadas, é completado um mapa de relações — diversificando-o para além da típica tridimensionalidade dos mapas convencionais.

Nova Iorque, Guimarães e Lisboa, por exemplo, estabelecem assim um vínculo que encontra o seu epicentro nas artistas, nas suas vivências e necessidades geográficas, sem violação de territórios alheios a estas. Em grande medida, é um projeto livre. Deste modo, também os contentores dos envios se tornam importantes: registam o gesto de colocar o selo, a etiqueta que o operário dos correios imprime e afixa, e deixam marcados os choques, possíveis quedas e arrastares da embalagem durante todo o trajeto. Poder-se-ia dizer que cada contentor é uma impressão única da atividade laboral dos serviços de transporte, englobando os trabalhadores, veículos e métodos requeridos para a entrega das respetivas obras, completando o ciclo criativo de cada envio.