programação /exposições
PLASTIC BITCH, Claudia Clemente
Inauguração 16.11 | até 11.01.25
A auto-representação na arte é um tema recorrente, tanto na pintura como na fotografia. Na senda de artistas como Nan Goldin, Cindy Sherman, Jo Spence, sirvo-me do meu corpo como suporte e tema, matéria-prima para a criação de personagens.
O meu trabalho fotográfico consiste em revisitar o auto-retrato, tentando incutir-lhe um cunho pessoal e contemporâneo, para despertar a consciência e o julgamento (auto) crítico de quem o vê; recusa a passividade do espectador, antes, incita-o a intervir.
Plastic Bitch é o espelho da situação actual – consumismo desenfreado, poluição extrema, esgotamento de recursos naturais, produção exacerbada de lixo – o espelho incómodo onde vemos reflectido aquilo em que, enquanto sociedade, nos transformamos: plastic bitches.
CORRESPONDÊNCIA CRUZADA, Adriana Oliveira e Joana Paraíso
Inauguração 16.11 | até 11.01.25
Todas as obras presentes são a concretização não só da vontade criativa em manter contato entre duas artistas, como também, acima disso, de um tecer territorial. À medida que as obras são enviadas, é completado um mapa de relações — diversificando-o para além da típica tridimensionalidade dos mapas convencionais.
Nova Iorque, Guimarães e Lisboa, por exemplo, estabelecem assim um vínculo que encontra o seu epicentro nas artistas, nas suas vivências e necessidades geográficas, sem violação de territórios alheios a estas. Em grande medida, é um projeto livre. Deste modo, também os contentores dos envios se tornam importantes: registam o gesto de colocar o selo, a etiqueta que o operário dos correios imprime e afixa, e deixam marcados os choques, possíveis quedas e arrastares da embalagem durante todo o trajeto. Poder-se-ia dizer que cada contentor é uma impressão única da atividade laboral dos serviços de transporte, englobando os trabalhadores, veículos e métodos requeridos para a entrega das respetivas obras, completando o ciclo criativo de cada envio.
NET ARTE NO TRIÂNGULO DAS BERMUDAS
CONTRIBUTOS PARA UMA REFLEXÃO SOBRE ARTE E INTERNET EM PORTUGAL
Curadoria: Sofia Ponte e Maria Luís Neiva
Inauguração 7/9 . 15h . até 2/11
A exposição Net Arte no Triângulo das Bermudas. Contributos para uma reflexão sobre arte e internet em Portugal debruça-se sobre as relações entre arte e internet em Portugal, desde a estabilização da internet no país, em 1995. A exposição integra 14 projetos artísticos criados por artistas e designers em Portugal, dando a conhecer algumas das potencialidades criativas deste media. A exposição tem uma natureza documental constituida por um conjunto de iniciativas sem, contudo, esgotar tão vasto tema, que revela os sinais da chegada, desenvolvimento e assimilação da tecnocultura relacionada com a Web no país, e que possibilita uma aproximação ao contexto original em que os projetos de net art por artistas portugueses expostos foram criados.
A exposição dá visibilidade a um fenómeno pouco conhecido da sociedade portuguesa que inspirou experimentação e constituiu-se por projetos de net art das áreas da ciberpoesia, rádio, artes plásticas, código, arte generativa, webdesign, performance, jogos digitais e música eletrónica, documentação e documentação secundária, elementos que interrelacionados ajudam a melhor usufruir e compreender a especificidade do fenómeno da net art em Portugal e eventos tecno culturais relacionados. Através da documentação reunida a exposição permite igualmente conhecer o gradual robustecimento das relações entre arte e computação no país, contribuindo para uma reflexão sobre a atualidade destas relações na era dos dados, da automatização e da inteligência artificial.
Projectos artísticos de:
Beatriz Albuquerque; Daniel Pinheiro e Annie Abrahams; Pizzbuin; Rui Torres; Susana Mendes Silva; wr3ad1ng d1g1t5; Luísa Ribas e João Cruz; Mário Cameira; Rudolfo Quintas; Alice dos Reis; Miguel Carvalhais; Pedro Tudela e Rodrigo Carvalho; Joana Chicau; Luís Fernandes.
Programação ao longo da exposição
Performances
7/9 . 18h
Tango for Us Too, de Joana Chicau
Performance que explora as tensões e ritmos das línguas em ambientes da web. O roteiro da performance foca-se na natureza dialógica do Tango. Funções JavaScript personalizadas alimentam o Google Translate com fragmentos de textos de entrevistas com bailarinos e praticantes. A performance desenrola-se num pas-de-deux realizado pelos corpos do código e do bailarino, culminando numa série de (más) traduções. Uma dança algorítmica que entrelaça técnicas e poéticas do Tango, cada respiração, um passo em direção ao surgimento de um novo vocabulário para se mover.
12/10 . 18h
30 x n, Miguel Carvalhais, Pedro Tudela e Rodrigo Carvalho
Performance audiovisual para três performers, computadores, PA multicanal, luzes e visuais que revisita e reinterpreta a instalação 30 x 1 (apresentada em 2005 na galeria Solar, Vila do Conde). Esta versão de palco parte da estrutura modular original, destila os seus elementos num novo sistema performativo relacional, cujo desenvolvimento contingente é influenciado por cruzamentos multimodais e pelas ações de todos os agentes que nele participam, tanto performers como sistemas computacionais.
2/11 . 18h
Live Electronics, Luís Fernandes
A exploração da improvisação eletrónica em tempo real, a partir de sistemas de síntese modular, é o ponto de partida para as performances ao vivo de Luís Fernandes. A partir da especificidade destes dispositivos tecnológicos, Fernandes disseca, explora e recontextualiza material sonoro de fontes variáveis, de found sounds a field recordings, de síntese subtrativa a samples ou emissões radiofónicas, desenvolvendo uma tapeçaria acústica de características sempre mutáveis e site-specific.
Visita Guiada
12/10 . 16h
por Maria Teresa Cruz, atividade realizada em parceira com o ICNOVA-UNL
Atividade que promete uma viagem ao passado, às inquietações da altura de MTC, ao contexto das várias iniciativas que promoveu, incluindo a criação da Interact, a pioneira publicação online no país que acolheu algumas das mais emblemáticas obras de net art criadas por Ana Hatherly, António Olaio, Patrícia Gouveia, entre outros.
Conversa
2/11 . 16h
com Aida Castro, Maria Mire, Luis D. Rivero-Moreno e + convidado/a(s) a anunciar
Sofia Ponte (moderação)
Participação gratuita com inscrição antecipada para geral@centroaaa.org
Μετέωρα – no meio do céu (II)
Exposição de Joanna Latka
Inauguração 7/9 . 15h
Neste manifesto artístico, a artista aborda questões relacionadas com a problemática da globalização e da cidadania contemporânea, levantando perguntas essenciais como: Quem somos? Para onde vamos? Como vamos? A exposição propõe-se assim a ser um espaço de contemplação sobre a atualidade, algo que parece cada vez mais raro no meio de um consumismo global.
De forma crítica e através de desenhos com um forte cariz expressionista, a artista oferece a sua interpretação gráfica dos problemas atuais, evocando a estética da pintura mural bizantina. Inspirando-se no enigmático lugar Μετέωρα (Metéora), conhecido pelos seus templos misteriosos e pinturas impressionantes, por vezes chocantes, brutais e sanguinárias, que narram histórias da vida quotidiana desse tempo, ela busca criar um paralelo com os desafios da nossa era.
Infelizmente, os temas abordados pela artista no projeto inicial, apresentado em 2017 em Lisboa (Galeria Passevite), continuam extremamente atuais, devido ao reacender de mais guerras, como nos contextos da Ucrânia e da Palestina, bem como os desafios político-sociais enfrentados pelas novas democracias. Diante disso, a artista decidiu revisitar este projeto, apresentando a produção de 2017 juntamente com novos trabalhos que contextualizam a situação atual do mundo em que vivemos.
Esta reinterpretação não só reflete sobre os conflitos e incertezas do presente, mas também reafirma a importância da arte como meio de crítica e resistência. Ao trazer novos trabalhos ao lado da produção anterior, a artista atualiza a sua crítica e mostra a evolução do seu pensamento e técnica. Esta abordagem oferece ao público uma visão mais completa e dinâmica da sua obra, demonstrando como a arte pode ser um poderoso veículo para a reflexão e o engajamento social.
Joanna Latka (1978, Cracóvia, Polónia)
Doutoranda na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e professora no ensino superior (IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação / Universidade Europeia), é cofundadora do Atelier de Gravura Contraprova, em Lisboa. Dedica-se exclusivamente a desenhos a tinta-da-china, gravura e ilustração, incorporando variações baseadas em técnicas contemporâneas. A artista está representada em diversas coleções públicas e privadas e possui um extenso currículo com 35 exposições individuais e cerca de 90 coletivas, tanto em Portugal como no estrangeiro.
Em 2023, foi uma das 10 finalistas do Prémio Desenho da Fundação Luso-Americana (FLAD). Também se destaca por suas seleções em vários concursos e bienais de arte, incluindo o Prémio Amadeo de Souza-Cardoso (2020), a Bienal de Cerveira (2017), o International Print Network no Horst-Janssen-Museum (Alemanha, 2013), a 5ª International Exhibition of Artist Books na Hungria (2013), e a 9ª International Biennial “Livres à Voir 9” na França (2012), entre muitos outros.
Quase Irresponsável, exposição de Bernardo Guedes
Encontros da Imagem
Inauguração 27.09, 17h | até 02.11
A exposição “Quase irresponsável” de Bernardo Guedes convida-nos a explorar uma juventude vivida entre a euforia e a introspecção, capturada através de uma lente que revela tanto o brilho quanto as sombras da vida noturna. As fotografias de Guedes são instantâneos fragmentos de um tempo que escapa, onde as responsabilidades são quase negligenciadas, mas não completamente esquecidas. Estas imagens, tiradas nos últimos anos da sua época académica, são testemunhos de uma fase em que o autor se equilibra na linha tênue entre a liberdade juvenil e a inevitabilidade das responsabilidades adultas.
A abordagem fotográfica de Bernardo, evoca o estilo do lendário Weegee, o fotógrafo americano conhecido por capturar cenas inesperadas e por vezes chocantes da vida urbana. À semelhança de Weegee, Guedes utiliza o preto e branco para intensificar os contrastes, recorrendo a enquadramentos peculiares que amplificam a sensação de urgência e a fugacidade do momento. O uso do flash direto, tal como em Weegee, não é apenas uma escolha técnica, mas uma declaração artística que destaca o que normalmente se tenta ocultar, oferecendo um olhar cru e honesto sobre a realidade.
Cada composição, embora despretensiosa e quase improvisada, carrega uma profundidade que nos transporta para o turbilhão de emoções e sensações que marcaram a juventude do artista. Em cada fotografia, sente-se a pressa do tempo, a efemeridade das experiências e o paradoxo de uma imortalidade momentânea, onde o presente é vivido com intensidade, mas o futuro começa a insinuar-se com as suas inevitáveis exigências.
“Quase irresponsável” é um convite a refletir sobre a tensão entre o desejo de liberdade e a aceitação das responsabilidades que marcam a transição para a vida adulta. É um retrato poético e, ao mesmo tempo, brutalmente real de uma fase da vida onde a imortalidade parece possível, ainda que seja apenas uma ilusão passageira.
Almost Irresponsible
Bernardo Guedes’ exhibition “Quase Irresponsável” invites us to explore a youth lived between euphoria and introspection, captured through a lens that reveals both the brightness and the shadows of nightlife. Guedes’ photographs are snapshot fragments of a time that slips away, where responsibilities are almost neglected, but not completely forgotten. These images, taken in the last years of his academic career, bear witness to a phase in which the author balances on the fine line between youthful freedom and the inevitability of adult responsibilities.
Bernardo’s photographic approach evokes the style of the legendary Weegee, the American photographer known for capturing unexpected and sometimes shocking scenes of urban life. Like Weegee, Guedes uses black and white to intensify contrasts, resorting to peculiar framing that amplifies the sense of urgency and the fleetingness of the moment. The use of direct flash, as in Weegee, is not just a technical choice, but an artistic statement that highlights what is normally tried to be hidden, offering a raw and honest look at reality.
Each composition, although unpretentious and almost improvised, carries a depth that transports us to the whirlwind of emotions and sensations that marked the artist’s youth. In each photograph, you feel the rush of time, the ephemerality of experiences and the paradox of a momentary immortality, where the present is lived with intensity, but the future begins to creep in with its inevitable demands.
“Quase Irresponsável” is an invitation to reflect on the tension between the desire for freedom and accepting the responsibilities that mark the transition to adulthood. It is a poetic and, at the same time, brutally real portrait of a phase of life where immortality seems possible, even if it is only a passing illusion.