arquivo 2014 – jul / ago / set
1960, de Rodrigo Areias
Sinopse
1960 é um home-movie em registo de diário de viagem em super 8 mm.
Pretendendo através da arquitectura e a partir do “Diário de Bordo” de Fernando Távora revisitar a viagem que o Arquitecto concretizou em 1960.
Nota de intenções
Neste filme, a minha ideia foi partir das notas e desenhos de Fernando Távora e revisitar vários dos locais que o arquitecto visitou, descreveu e desenhou durante a sua viagem em 1960. E pensar a arquitectura num contexto global.
Quando pensei este filme, pensei-o como complemento de um outro filme de ficção que integrasse o documentário em super 8mm. Será um Film Noir, rodado apenas em decores de Fernado Távora em Guimarães, onde um documentarista que está a fazer um documentário em super 8 mm sobre o arquitecto é assassinado…
Enquanto este filme continua a ser adiado (dada a azáfama de produção a que estivemos sujeitos), fica assim concluida a parte documental deste díptico.
Aquilo que me inspirou para este documentário, foram os textos que conhecia do Diário de Bordo que Fernando Távora escreveu durante a sua viagem. O texto que mais me marcou, foi o da sua visita a Taliesin, a paixão com que escreve essa experiência que o próprio assume como transcendental. Quis dar vida a esses textos, mas pretendendo nunca ser óbvio ou ilustrativo. Antes revisitá-los com a devida distância temporal.
Priscilla Davanzo: Lugares da Escrita
Inauguração dia 6 de Setembro, 16h
Sob curadoria de Paulo Aureliano da Mata e Tales Frey, grande parte do repertório da artista luso-brasileira Priscilla Davanzo será exibido no CAAA Centro para os Assuntos da Arte e da Arquitectura.
Ora como a própria folha/tela branca ora como um molde que gera um objeto autônomo, os lugares da escrita da artista paulistana Priscilla Davanzo cruzam body art, performance, videoarte, videoperformance, gravura, instalação, intervenção urbana e algumas outras expressões artísticas.
A tinta da caneta pode ser literalmente deslizada por cima da ausência de conteúdo numa folha de papel, sob a premissa de firmar certos conceitos que esboçam as novas formas de escrita que virão a partir deste primeiro ato de ponderar ideias. Ultrapassando a tradicional escrita, Davanzo sublinha, em diversos suportes, uma outra ordem de caligrafia, um outro alfabeto, uma linguagem distinta da que, em princípio, era substantivo concreto, verbo de ação ou qualquer outra denominação morfológica em nanquins ou grafites.
Sua escrita é visceral e firma-se, em alguns casos, por meio de fluidos corporais e, em outros, por meio de suturas atravessadas diretamente na pele ou por meio de adornos como branding e scarification. A semântica do seu texto – que extrapola o logos em uma narrativa figural –, quando escrito sobre ou a partir do seu corpo (ou do corpo do outro) é absorvida todo o tempo por qualquer observador; o corpo é o suporte, é o objeto-arte e é, portanto, o lugar onde a obra se expressa, onde está o lugar da escrita.
O evento inclui três performances ao vivo, sendo que uma das ações será concebida em âmbito de uma residência realizada pela artista durante o período da exposição. Ainda, haverá exibição de vídeos, fotografias e objetos/instalação e conversa com a artista e com os curadores.
6/9, 17h – performance “a efemeridade da existência e a permanência da moeda”
13/9, 17h – performance-processo. Conversa interactiva sobre o processo desenvolvido na residência.
20/9, 17h – performance “sob água”
Sobre a performance: a relação entre o corpo da artista, criada em uma cidade grande como são paulo (brasil), e um rio em guimarães pode ser muito maior que o que se imagina.
a artista partirá em direção ao rio de couros com um caderno de notas e recipientes. o rio de couros cruza o centro da cidade, agora quase todo coberto, mas nos deixa a glória de encontra-lo de quando em quando ali, aberto, exposto. soando seu movimento entre quedas e bloqueios. o som de água em queda. constante, rítmico, chiado. experiência que a artista não tem na sua vida. os rios na sua cidade, quando não estão completamente cobertos por ruas e avenidas, debaixo da terra, estão contaminados de tal forma que são apenas esgoto. mas não o rio de couros. ele sobrevive à mania humana de cobrir completamente os rios, mesmo que ele mesmo tenha sofrido já muitas dessas investidas.
e mais que o rio, as pessoas, os vimaranenses. e com eles, a cortesia, a gentileza, o carinho, o amor. essas coisas tão raras na cidade de onde vem a artista. e mais que o rio, as pessoas: propondo conversas com os locais, a artista garimpa histórias relacionadas ao rio. e mais que o rio, as pessoas: a partir das conversas, a artista pede um pouco de água.
com o que foi coletado, com o resultado do garimpo, a artista apresentará uma ação. criará um corpo híbrido de todas as pessoas, objetos e águas coletados. um corpo híbrido a partir de seu próprio corpo.
é previsto ainda uma exposição (ainda sem data definida). estarão ali as notas, o som do rio, as histórias, a água coletada e fotos / vídeo da ação apresentada.
KRAFTWORK 2014
A segunda edição da Kraftwork – Performing Audio & Visuals, realiza-se no primeiro sábado do mês de Agosto, dia 02, no CAAA. O evento tem a curadoria da Metapólis AV e conta a exposição da ilustradora Wasted Rita e da atuação da Jackie (Grrrl Riot / Thug Unicorn) na sala blackbox, acompanhada por Mbx e Raquel Araújo.
Wasted Rita é o alter-ego de Rita Gomes, designer gráfica e ilustradora, é uma agente provocadora, sarcástica quando necessário e uma pensadora em tempo integral, que escreve sobre a vida, os comportamentos humanos e brinca com as palavras de forma a manter a respiração. O trabalho da Rita, cada vez mais reconhecido, passou por cidades como Paris, Londres e Berlim. Tem trabalhos feitos para uma variedade de clientes em todo o mundo, alguns como a Converse, a Samsung e a Redbull.
A atuação principal na Blackbox será consumada pela Jackie, máxima responsável pelo coletivo Grrrl Riot, que atuou no Optimus Alive 2014. Faz também parte do colectivo Thug Unicorn que encerrou o festival Milhões de Festa, depois do duplo concerto no Musicbox em Lisboa e nos Maus Hábitos, Porto.
Ainda em exposição, em formato vídeo, trabalhos da Woodencamera (Vídeo, cinema), de João Matos Cardoso sob alter-ego Es Muss Sein (Ilustração) e do coletivo Instagrammers. Haverão ainda Jam Sessions, livres para quem quiser participar.
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Artista em residência – Jaye Rhee
Residência Artística: de 7 de Julho a 26 de Setembro 2014
Inauguração da Exposição: 20 de Setembro 2014
Jaye Rhee diverte-se no espaço entre o irónico e o pungente. Trabalhando com noções de desejos “reais” e “falsos” objectos, o seu trabalho articula-se entre o artifício e a autenticidade. Através dos seus “falsos verdadeiros” e das suas “imagens sem imagens”, ela activa um novo espaço visual no qual o artifício se evapora para revelar a imagem na sua materialidade despida.
Rhee, natural de Seoul, completou ambos os seus B.F.A e M.F.A na School of the Art Institute of Chicago. O seu trabalho tem sido exibido internacionalmente, incluindo o Queens Museum of Art, o Bronx Museum, o Allbright Knox Art Gallery, o Norton Museum of Art, na Kobe Biennale 2007, o Mori Art Museum (Tokyo), e o Seoul Museum of Modern Art.
Em 2009, foi seleccionada para uma residência na Skowhegan School of Painting and Sculpture, no Gyeonggi Creation Center Pilot Program (Korea) e no Palais de Tokyo Workshop Program (Paris).
Prémios incluem: Yeongang (Doosan) Art Award (2011), Franklin Furnace Fund (2010), Art Council Korea Grant (2014 e 2010), e na Korea-America Foundation for the Arts Award (2008).
Em 2010, a Specter Press lançou a sua monografia Imageless, compilando o seu trabalho dos últimos 10 anos e incluindo ensaios realizados por Carol Becker, Raul Zamudio, Sara Reisman e Edwin Ramoran.
O seu trabalho tem sido também realçado num ensaio realizado por Carol Becker publicado no Buddha Mind in Contemporary Art (University of California Press), e tem sido alvo de crítica pelo New York Times, ARTnews, Palm Beach Daily, Artslant, Art Asia Pacific Magazine.