2025 – jan / fev / mar
Twist Connection | So Dead
21.03 | 23h | 10€
Twist Connection surgiram em 2016 e contam já quatro álbuns de longa-duração e dois 45”.
São uma banda de rock’n’roll que mergulha nas raízes da segunda metade do século XX, alimentando-se do rockabilly nascente dos anos 50, das várias correntes estéticas dos anos 60 e da urgência punk do final dos anos 70 para chegarem aos anos 20 do séc XXI com os olhos postos no futuro. Acreditam no poder transformador do rock’n’roll e vivem-no, construindo assim o seu caminho.Têm, ao longo destes anos, pisado inúmeros palcos, desde clubes de rock de matriz underground até aos festivais de maior dimensão, alimentando-se da dinâmica e da interação com o público. Para além de terem percorrido todo o território nacional, marcaram já presença em França, Inglaterra e, principalmente, em Espanha onde, em 2019, foram galardoados com o Prémio Pop Eye para “melhor banda portuguesa”.
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So Dead são Samuel Nejati e Sofia Leonor, o duo de Coimbra, Portugal, que nasce da necessidade de criar música no seu registo mais genuíno, orgânico e directo, sem quaisquer preocupações conceptuais. a sonoridade synth punk, passando pelo art rock, post punk e alguma no wave, tem o baixo e bateria como intérpretes principais, mas impõe a presença do sintetizador de Miguel Padilha, que acompanha a banda nas performances ao vivo.
O EP de estreia, “Wait To Die”, lançado em junho de 2023, pela Lux Records, assumiu a vertente explícita lo-fi, tanto na capa (design de daniel alves), como na gravação das músicas, numa espécie de produção “home/garage made”, posteriormente misturada e masterizada por João Rui (A Jigsaw, John Mercy). A mesma receita foi usada para o primeiro álbum, “Play Me Like A Doll” – o LP conta com as participações especiais de Victor Torpedo (“The Parkinsons; Victor Torpedo & The Pop Kids), Alberto Ferraz (“From Atomic”) e Rafael Almeida (“Mularuça”). Com data de lançamento marcada para o dia 2 de setembro de 2024 (e o single de antecipação, “Set Me Up”, disponível desde dia 24 de junho), a apresentação decorreu no festival Luna Fest, no dia 8 de setembro.
LAPSES OF HUMANITY | PHASE TRANSITION
14.03 | 23h | 5€
LAPSES OF HUMANITY
Fundados em 2022 e sediados no Porto (Portugal), os Lapses of Humanity mergulham na zona mais obscura da humanidade e reflectem-na na sua música. Através de uma construção de um mundo distópico, a banda fala da mente doente, do desespero do homem e de todos os lapsos da humanidade.
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PHASE TRANSITION
Depois de um início empolgante a contar as suas histórias cosmológicas em alguns dos maiores palcos ibéricos e de ganhar a atenção do gigante do metal Prog Magazine com o seu EP, os Phase Transition vão lançar o seu primeiro álbum, In Search of Being, que retrata algumas das experiências mais obscuras e excitantes da vida humana. O primeiro single, Becoming, (R)evolution, expressa a rebeldia e a alegria da juventude, e a recusa em se curvar às opiniões dos outros. Os virtuosos solos de guitarra e violino elevam a sua intensidade e evidenciam a singularidade da banda.
XAUXAU DODÔ | CLAIANA
15.03 | 22h | 8€
XAUXAU DODÔ é um septeto de Barcelos que procura traduzir para música as suas vivências e inquietações. Influenciados pelo som do jazz fusão e do Afrobeat, visitam com frequência os habitats da música clássica e ambiental, e põem na mesa questões como o antropocentrismo e a crise climática, enquanto celebram a amizade e os joelhos esfolados na infância. XAUXAU DODÔ não se assume de crítica nem de contemplação. É, pelo contrário, com jogo de cintura um pouco dos dois: head is for thinking, feet are for dancing.
Estrearam-se em 2023 com o single “Plantai-as”, uma homenagem à liberdade e a todas as pessoas que por ela lutam, relembrando-nos que não é nem nunca será uma condição garantida.
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CLAIANA Figura incontornável do nosso imaginário underground, Claiana é um espectáculo personificado em carne, show e osso ao qual jamais alguém acusou de paralisia de ancas.
Natural de São Nicolau (Cabo Verde) mas fora de qualquer âmbito de música tradicional, Aguinaldo Conceição cresceu e bebeu de toda a diversidade musical que o Atlântico nos oferece desde os 4 continentes que banha aos firmes arquipélagos à tona, criando uma linguagem (literalmente) própria que faz das suas músicas facilmente reconhecíveis em questão de segundos.
Num idioma cantado e criado pelo próprio, Claiana chega-nos com uma impressão digital difícil de replicar, não fossem as suas influências transversais a todo um Oceano, a figuras díspares como Patrick Saint-Éloi (Kassav’) ou Michael Jackson, bem como a imortal paixão pelo futebol e a filosofia de vida de um tal de Bruce Lee.
CARLOS RAPOSO
07.03 | 23h | 5€
A música de Carlos Raposo projecta dois universos distintos, propondo uma simbiose entre a música tradicional portuguesa, com referências no folk, fado e nas guitarradas de Carlos Paredes – que ganham vida na Viola Campaniça – e a música electrónica, que é sustentada por sintetizadores clássicos das décadas de 70 e 80 como o Mini Moog e o Juno 106.
A viagem neste universo sonoro é marcada pelos tons melancólicos e melodias da Viola Campaniça e os sons electrónicos, que nos guiam numa experiência por vezes psicadélica sem nunca sairmos da Portugalidade e da tradição. Dancemos a Chula 2.0.
MOSQUITO VIRTUAL | LE SKELETON BAND
08.03 | 23h | 8€
MOSQUITO VIRTUAL
Formados por Ivo Martins na bateria, Daniel Gonçalves no baixo e sintetizadores e Tiago Enrique na guitarra, a música de Mosquito Virtual atravessa geografias diversificadas, que se
penduram como galhos num tronco funk-rock-jazz.
Nutrindo-se de ingredientes colhidos em vários cantos do mundo, a música de Mosquito Virtual não é uma receita típica de lugar algum, antes uma fusão para uma outra reinvenção. Um
concerto de Mosquito Virtual tanto promove a dança dos corpos, através da energia típica do ritmo enquanto elemento primordial, como incita a um contorcionismo interior nos momentos mais contemplativos ou experimentais. Uma experiência que pode ser, num instante, uma descarga sónica avassaladora e, no seguinte, uma frágil e enigmática paisagem auditiva. Uma música onde coexistem o analógico e o digital, o guião e a
• improvisação, o racional e 0 emocional, a convenção e a exploração.
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LE SKELETON BAND (França) procura luzes no fundo do poço. É um quarteto que toca música urgente e ardente, onde os momentos de contemplação são suspensões, antes de voltarem às batidas mais raivosas e aos refrões selvagens que pairam sobre a música elétrica. Algures entre o folk hipnótico, o post-rock e o blues selvagem, utilizam uma vasta gama de instrumentos: violino, banjo, vibrafone, contrabaixo, bateria, melódica, guitarra e polifonias.
DON PIE PIE | ANTON SCONOSCIUTO & RADIO TRAPANI | DJ Set de TÁGIDE
28.02 | 23h | 5€
DON PIE PIE formam um trio guiado pelas desafiantes combinações infinitas da música, sempre com partida na boa disposição. Na sua génese está o amor pelo rock, daquele efervescente e em crescente progressão. Os instrumentais que DPP constroem são permeáveis ao que cada um dos membros consome: sejam os ritmos quentes do afrobeat ou a mecânica dos beats eletrónicos, há sempre espaço para alimentarem as suas criações com as mais recentes descobertas sonoras, sem deixarem nada de lado no prato.
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Com um som electro-folk que parece tão inspirado pelos Gorillaz quanto pelos Dirty Projectors, RADIO TRAPANI & ANTON SCONOSCIUTO unem forças para integrar o melhor das suas produções autónomas numa nova colaboração conjunta.
Os dois artistas trabalharam juntos durante os últimos meses de 2023 e o início de 2024, tanto em Amesterdão quanto em Roma, as duas cidades onde atualmente vivem.
O projeto aborda temas modernos e populares — desde a poluição e o aumento do custo de vida até relacionamentos e paisagens solitárias de verão — com um estilo bastante distintivo, que dá grande ênfase ao timbre e à qualidade sonora, além do próprio significado das músicas.
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TÁGIDE é radialista, DJ e especialista em sociomusicologia. Após uma década em Londres, Berlim e Bruxelas, tágide regressa a Portugal para fundar a Plástica Sonora: uma start-up musical de artistas queer com sede na Universidade do Porto. Trazendo sons da Iberia, norte da África e Swana, tágide seleciona sonoridades através de electro percussivo, dubstep, tribalismo e muito mais. A partir da sua investigação à ligação da música psicodélica e do questionamento da apropriação musical colonial da Europa, ela inicia agora uma digressão Europeia para consolidar sonoridades comuns além-fronteiras.
SAMUEL MARTINS COELHO | DJ Set de MORRA A DANTAS MORRA
21.02 | 22h | 5€
“Unselfing”, o segundo disco de I ERROR, projeto de música eletrónica do músico multi-instrumentista e compositor Samuel Martins Coelho, parte da ideia de unselfing de Iris Murdoch: afastarmo-nos do ego e das preocupações do dia a dia para observar com atenção genuína.
Se o primeiro álbum, “I ERROR”, explorava diferentes fases enquanto músico e apresentava o erro como uma nova oportunidade uma perspetiva que transforma falhas em possibilidades, este novo trabalho aprofunda a busca por momentos de clareza e foco no essencial. Cada faixa de “Unselfing”, lançado pela INVISÍVEL, convida o ouvinte a desligar-se das distrações e a encontrar espaço para
simplesmente ouvir.
Sem complicações ou pretensões, procura traduzir essa ideia de pausa e escuta de uma forma direta. É um passo em frente que mantém o espírito experimental do projeto.
O projecto I Error assume-se como um conjunto de rascunhos colecionados ao longo do tempo, que refletem diferentes interesses estilísticos de um violinista que se aventura no mundo electrónico.
Samuel Martins Coelho (1980) é violinista, compositor e multi-instrumentista.
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MORRA A DANTAS MORRA dj set. Farta de olhar para a coleção de discos de vinil, intocados na prateleira do quarto, Sofia Dantas decidiu dar-se às pistas para provocar passos de dança potencialmente caóticos que só costumam aparecer já em horas tardias. Entre os saltos, cervejas a voar e a agitação que nos traz a sua seleção musical até o próprio Almada Negreiros anularia o seu manifesto. Mas cuidado que isto de ter uma agulha em cima de um disco é coisa delicada.
VIA SACRA | INN CULT
22.02 | 23h | 5€
VIA SACRA “o caminho de todos para todos”, melhor dizendo este é o nosso caminho/estrada. Fundados em 1998, os Via Sacra apresentam atualmente um amplo reportório de temas originais, desenvolvidos e registados em estúdio, que fazem sobressair a diversidade sonora.
Um “caminho” percorrido ao longo de 25 anos , com alguns buracos pelo meio, fez com que a experiência de palco resultasse numa “loucura controlada” onde não se fica indiferente quer no aspeto musical como visual.
Com uma identidade muito própria os Via Sacra têm como intenção levar o público a vários sítios imaginários, levando-os a fazer o seu próprio “The Road”.
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INN CULT. Em 2019, o início… Sérgio e Ulisses juntam-se para tentarem fazer o que adoram: música!
Depois de longos meses de procura de outros membros e mais difícil ainda uma sala de união e reunião, eis que surge o poiso! Numa antiga pensão, hotel ou albergaria, outrora chamada estalagem de S.Pedro, património da Fundação Narciso Ferreira, em riba de ave, daí Ulisses se ter lembrado de INN (estalagem em inglês) para nome da banda.
Novas buscas e surge a ideia de convidar Zé-Manel Antunes para a voz e segunda guitarra, sendo que marco araújo já tinha ingressado no projeto para guitarrista solo! Feliz e surpreendido aceita e diz que para além de INN melhor era torná-lo como um CULT: como uma seita que se une com uma mística e aliança comum, um objetivo que pretende mostrar o que sabemos, contrário ao que pode soar o nome aos desatentos (ou incultos…!!!)!
O projeto vai ganhando forma até que Marco Araújo tem lesão grave e surge a ideia de convidar Luís Mafalda para guitarrista solo! Em 2020, no pico da pandemia, Marco araújo abandona o projeto.
Ficam os covid survivors! Sempre na luta, em busca do sonho, nem que seja apenas pelos 5 minuts of Fame!!! Em 2022 arrancou a gravação da maquete e divulgação do primeiro single “Humans” já disponível nas plataformas. O que nos orgulha!
UDI FAGUNDES | VELOSO+NOVO
14.02 | 23h | 7€
Udi Fagundes é cantor e compositor de Porto Alegre no sul do Brasil. Suas influências passam pelas Áfricas do mundo, como diz o artista “Em cada canto dessa terra tem um pouco de África “ assim constrói suas Áfricas em cada trabalho que faz. Gravou três álbuns e prepara o quarto para 2025. Seus últimos trabalhos de estúdio são os Single Reels de Samba, Petit Pays clássico da música de Cabo Verde e Poder Poder um meshap com músicas de Manu Chao e Mestre Verdelinho.
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Veloso + Novo é um jovem artista natural de Coimbra, cujo repertório viaja entre os grandes êxitos da música portuguesa e as bossas quentes vindas do outro lado do Atlântico. Em Dezembro de 2023 lança o seu primeiro single 《Onde está o Sol?》e em 2024 estreia-se ao vivo na Festa d’Anaia e lança《Berta Clara》, single do futuro EP de estreia 《Ávido》. Da sua sonoridade original ressalva-se a energia e hook’s maviosos que se grudam na alma e que fazem até o Ser mais apático expressar-se!
YOUTH YARD | DEAD CLUB
15.02 | 23h | 5€
Os YOUTH YARD são uma Banda do norte de Portugal, criada em 2022 “Yard Sale” e “Straight to the point” são os Ep’s de estreia que refletem uma sonoridade que vai desde o post-punk, indie até ao surf-rock.
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DEAD CLUB é um ritual que envolve desde vozes sussurradas a gritos de desespero contrastados com uma guitarra suja, drum machines e sintetizadores. Rock enquanto sobrevivência, aquilo que devia sempre ser. Em Dead Club o género é reavivado a electro-choques do synth punk e assume aquele brilho refractado quase glam no balanço e poder antémico, electricidade a conduzir as palavras de Violeta naquele esgar e sensualidade que ícones de ícones como Courtney Love ou Kit Bjelland.Em Outubro de 2022 lançaram o seu EP intitulado de “Adios Amigos” e em Abril de 2023 o LP “Never To Heaven”.
ZAMORA
07.02 | 23H | 5€
ZAMORA é uma banda que procura trazer uma nova energia ao cenário musical, unindo uma sonoridade cativante a letras originais. Uma mistura de gerações, unidos pela mesma vontade de fazer música, aliando o rock, com o metal, o alternativo, a banda destaca-se pela criatividade, autenticidade e pelo experimentalismo progressivo. Uma mistura de emoções que procura elevar as sensações e transportar o seu público para harmoniosas viagens.
No dia 7 de fevereiro, vão-se apresentar em concerto, procurando levar a todos a uma viagem com o objetivo de perdurar na memória coletiva de todo o público.
Os Zamora são:
Voz – Claudio Braga
Guitarra – Samuel Gomes
Baixo – Pedro Teixeira
Bateria – Marcos Castro
Guitarra e Sampler – Andreia Gomes
PMDS | DUST DEVICES
31.01 | 23h | 5€
PMDS é um projeto de música eletrónica, ambiental e experimental dos açorianos Pedro Sousa e Filipe Caetano. O primeiro, com formação clássica em piano, e o segundo, com muitos quilómetros de pistas de dança, ambos partilham uma paixão (des)controlada por equipamentos analógicos e sintetizadores.
Em 2024, apresentaram o seu terceiro longa-duração, ‘Música Para Miradouros’, gravado ao vivo, sem edições, em quatro locais ao ar livre na ilha de São Miguel, Açores.
Ao vivo, fazem questão de aproveitar parte do arsenal de instrumentos que possuem para construir uma viagem sonora ao subconsciente, às memórias apagadas e ao pensamento abstrato, tocando e manipulando os instrumentos no momento, sem rede, permitindo algo cada vez mais raro em espetáculos: o erro humano.
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DUST DEVICES é o projeto de música electrónica experimental de Cláudio Oliveira, compositor e sound designer do Porto.
Desde o primeiro EP “Spectre Research” ele tem combinado as influências rítmicas do Industrial, EBM, ambient e IDM com texturas cinemáticas, atmosferas e melodias derivadas de técnicas de síntese menos convencionais.
No seu último álbum “Spine Mirror”, a exploração sónica é ampliada para uma aproximação mais dissonante, abrasiva e mecânica, enquanto desconstrói e reorganiza o núcleo de composição daqueles estilos musicais.
HIMALION
24.01 | 22h | 5€
Em WYSIATI, Diogo Sarabando de himalion – grupo de chamber-pop e indie-folk de Aveiro – reflecte sobre a necessidade e ansiedade de desabitar o passado.
Após uma digressão a solo com o LP de estreia BLOOMING em Novembro de 2021, Diogo iniciou uma residência artística nos Açores. No sótão da “Lost in Pico” do seu amigo Henry Simões montou um pequeno estúdio, e ao longo de 3 semanas (passadas entre Terceira, São Miguel, Pico e Faial) por entre as florestas de cryptomeria, o contraste da areia vulcânica com o azul atlântico e com o olhar sempre subjugado ao magnetismo da montanha, Diogo idealizou o que viria mais tarde a tornar-se o novo LP – WYSIATI (baseado no conceito criado por Daniel Kahneman que tenta explicar a nossa tendência em tomar decisões baseadas apenas na informação disponível, sem
considerar o que possa ser desconhecido).
Misturado por Phil Weinrobe (Adrianne Lenker, Tomberlin, hand habits, etc.) no Sugar Mountain e masterizado por Josh Bonati (Sufjan Stevens, Adrianne Lenker, Mac Demarco, etc.) em Brooklyn NYC, WYSIATI é o segundo longa-duração de himalion.
Jardin des Oiseaux, exposição de Emídio Agra
25.01 | até 22.03
Curadoria Paula Parente Pinto
O título da exposição de Emídio Agra (Viana do Castelo, 1968) toma o nome de uma das suas criações, Jardin des oiseaux, sugerindo a memória de um espaço cuja realidade já não é possível fixar.
Compostas com restos de botas, malas, palavras, arames, fios coloridos, cruzetas, fita-cola, fronhas, calças, relógios pintados, fósforos, guarda-chuvas, caixas de fruta, botões ou embalagens perdidas, as construções de Emídio Agra não se parecem com nada que conheçamos. Encadeiam-se produzindo variações, transformações, permutas. Dobram-se e desdobram-se, despertando múltiplas memórias. O mesmo objecto pode assumir-se como uma peça suprematista, desdobrar-se num lençol de cama onde se podem observar as estrelas ou as horas partidas, ou transformar-se no vestido de uma fantasma; e a bisnaga do creme de barbear pode transformam-se numa guilhotina. São composições de objectos, de fragmentos arrancados do quotidiano, espectros de coisas reconhecíveis, ultrapassadas pelas próprias histórias e usos, que deambulam no imaginário.
Raramente vistos, estes objectos-poemas são accionados em performances e mostrados em diálogo com uma série de filmes realizados por Ana Pissarra e José Nascimento, numa exposição acompanhada pela escrita de Mario Campaña, design de Maria João Macedo e curadoria de Paula Parente Pinto. Articulando múltiplas diferenças e afinidades, pretende-se formar uma “comunidade plural”, propõe-se um espaço onde possamos ver, sentir, distinguir e pensar quem somos e o que nos acontece no presente (Fina Birulés, Hannah Arendt: el món en joc). Trata-se, assim, de construir um mundo comum, onde o cinema e as artes plásticas possam ser vistos autonomamente, mas também numa teia de relações, num espaço onde nos podemos comprometer através das histórias que contamos, onde voltam as memórias que pensávamos terem sido apagadas.
São objectos de vários tamanhos, atados com fios quebradiços, finas linhas azuis ou amarelas; que se sopram, espreitam, tocam ou, simplesmente, se olham; que emitem ruídos, estrépitos de maquinaria, mas também assobios, gorjeios, chilros, grasnos; que se colocam no nariz ou nas orelhas, ligam e desligam, desenrolam, enrolam e guardam-se em malas, caixas e gavetas sem fundo. Deslocação contínua entre uma “história individual” e uma “história comum”, estes objectos descartados, frágeis, saem de um amontoado de caixas e malas de viagem trazendo as marcas da experiência histórica, vestígios de oportunidades imaginadas, de oportunidades perdidas. Parecem dizer: ainda podemos escapar à catástrofe.
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Biografia do artista
EMÍDIO AGRA (Viana do Castelo, 1968) é artista plástico, doutorado em Filosofia (Estética) pela Faculdade de Filosofia da Universidade de Barcelona e licenciado em Artes Plásticas-Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Entre as exposições, destaca-se a individual “L’éternité par les astres” (Sismógrafo, 2019), exposição que deu origem a uma publicação com o mesmo título. Participou nas colectivas “Anuário 19” (Galeria Municipal do Porto, 2020) e “Não é ainda o mar” (Sismógrafo, 2018). É curador do ciclo de conferências “Imagens de Pensamento”, organizado pelo Sismógrafo desde 2020, editor e tradutor dos Cadernos Imagens de Pensamento. Desenvolve o seu trabalho artístico “quase secretamente”, afastado do ruído da arte contemporânea, produzindo uma obra radicalmente comprometida com o presente e com um mundo plural. Uma obra construída por fragmentos, em que o tempo se pauta tanto pela memória como pela expectativa, onde o presente se experimenta com diferentes tempos. Nas palavras de Karen Blixen, “sem repetirmos a vida na imaginação, não podemos, de todo, estar vivos” e, à pergunta “de que tratam estas obras?” também poderíamos responder “contando uma história”.
Filmes
Ana Pissarra (Lisboa, 1968) tem formação artística – Independent Art Studies Program Maumaus, cinema na New York Film Academy (NYFA) e pintura Ar.Co Lisboa. Trabalha regularmente para a televisão e cinema e desenvolve actividade como artista visual. Filmografia seleccionada: a) cinema e televisão: Brisa Solar – série documental, RTP2 /Internacional | ante estreia Cinemateca Portuguesa; Naçara- 2023, documentário, RTP2/Nos Lusomundo; Diante do Tempo, série documental, 2024, RTP2/Nos Lusomundo; O Povo das Pedras, 2024. b) arte contemporânea: Neptunismo – Ficção, exibição Maus-Hábitos Porto, Museu Júlio Pomar, MNAC Museu de Arte Contemporânea de Lisboa; Passagen- Werk (Passar-a-Ferro) 30’, projeção dupla, Round the Corner; Na contraluz da Diferença, com José Gil, Torre do Tombo. Exposições seleccionadas: Studiolo XXI, Desenho e afinidades 2019 (exp. colectiva), Fundação Eugénio de Almeida; Estratégias para de[mu]rar o Tempo (exp. colectiva) Casa-Museu Marta Ortigão Sampaio; Arminda, 2010 Goethe-Institut, Noli me Tangere, 2016 (exp. colectiva) Casa-Museu Anastácio Gonçalves; Musas em Ação nas Viagens (exp. colectiva) Casa-Museu Abel Salazar 2022; IV Morte pela Água, Quase galeria, 2023; Muitas vezes marquei encontro comigo próprio no ponto zero 2019 (exp. Colectiva), Museu Júlio Pomar; Taking the Measure of Stupidity, livro de artista; Hetero q.b, Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado (exp. colectiva); Mandei-o matar porque não havia razão, Torre do Tombo, 2011 in catálogo da exposição, Fenda, 2012, Objectos Pós-Modernistas à Venda na Feira da Ladra (com Lara Portela). Projectos curatoriais: Coordenadora em Lisboa do espaço 22Atelier (2013 – 2018) – ateliers para artistas visuais, workshops e exposições, são exemplos: O Gabinete, curadoria de Emília Tavares, Habitar Teus Olhos, curadoria de Fátima Lambert, Reliquiae de Saulo Araújo e Aparições e Desaparecimentos de Teresa Huertas. Em 2023, faz curadoria com José Nascimento de Cinematografia no espaço Duplacena 77, Lisboa. Mais informações em: anapissarra.com
José Nascimento (Lisboa, 1947) foi sócio fundador da Cinequipa e professor de Montagem na Escola Superior de Cinema do Conservatório Nacional. Realiza a primeira longa-metragem de ficção “Repórter X” em 1986, sobre Reinaldo Ferreira, jornalista famoso nos anos 20; realiza com Augusto Seabra o documentário integrado na série “Écran” sobre Manoel de Oliveira, faz para a televisão os magazines de artes plásticas “TV Artes” com Rui Chafes, Cabrita Reis, etc (https://arquivos.rtp.pt/programas/tv-artes/), “Ecran”; a série “Binário” e “Ensaio e Impacto”, com colaboração literária de Alexandre O’Neill, Álvaro Guerra e Alface. Monta vários filmes, entre eles, “Cerromaior” de Luís Filipe Rocha, “O Bobo” de José Álvaro Morais e “Aqui na Terra” de João Botelho. Em 2000 realiza “Tarde Demais”, escolhido como melhor filme de 2001 e candidato às nomeações para Melhor Filme Estrangeiro nos Óscares 2001. Retoma ao cinema com a longa-metragem “Os Lobos” (2006). Em 2016 realiza o documentário “Silêncios do Olhar” sobre a vida e obra de José Álvaro de Morais e termina a série de televisão de 3 episódios “Brisa Solar” sobre as vivências na arquitetura colonial de Moçambique, co-realizado com Ana Pissarra. Em 2022 realiza a longa-metragem de ficção, “A Casa Flutuante”, estória de uma índia brasileira emigrante em Portugal. Acaba de finalizar o documentário “NAÇARA, Uma e Outra Vez”, com Ana Pissarra, sobre o breve colonialismo árabe português. Encontra-se em rodagem com o projeto documental “DIANTE DO TEMPO”, sobre o mito na religião popular portuguesa. Em arte e ensaio, fez o filme “T2 Quarto Andar”, com João Galante, Sara Vaz e Nuno Melo. Produção DuplaCena/ Temps d’Images/ CCB Prémios e Festivais: Temps d’Images 2007 e Shortcutz Lisboa. Em 2021, filmou “A Luz de Lisboa” para a Exposição “Um Esqueleto Entra no Bar…”, de Paulo Lisboa – Fundação Leal Rios UMA LULIK – Miguel Rios. Mais informações em: www.josenascimento.com
Biografia da curadora
PAULA PINTO (Porto, 1/09/1971) é formada em Artes Plásticas-Escultura pela Faculdade de Belas Artes na Universidade do Porto (1998), obteve o grau de Mestre em Cultura Urbana atribuído pela Universidade Politécnica da Catalunha (2004) e concluiu o Doutoramento em Estudos Visuais e Culturais na Universidade de Rochester, Nova Iorque (2016). Trabalha sobre cruzamentos disciplinares entre a dança, fotografias, artes plásticas, cinema/ vídeo e performance, interessando-se particularmente por arquivos de artistas, críticos de arte e instituições culturais. É curadora independente desde 2010 e publicou vários livros.
Em 2021 fundou o Performing the Archive (Porto), espaço aberto de trabalho, um manifesto sobre a forma como o arquivo pode ser dinamizado com o objectivo de reflectir futuros usos e novas abordagens críticas sobre os suportes e práticas artísticas, bem como as revoluções que deles emanam. Nesse mesmo ano constituiu o website performingthearchive.com, uma plataforma de inscrição de práticas e documentos visuais e culturais relacionados com a performance-arte. Em 2023 inicia o projeto de residências artísticas e acolhimento de visitantes ao Performing the Archive, num espaço dedicado à programação de performances, visualizações de filmes, laboratórios de investigação e apresentação de concertos e exposições.
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Programa 22.03
16h30
Bárbara Fonte, O fantasma e o pássaro (Le fantôme et l´oiseau), performance
Bárbara Fonte (1981), artista plástica, apresenta um trabalho multidisciplinar no campo do desenho, da fotografia, do vídeo, da escultura, da performance e da escrita. O seu percurso artístico reflete questões de identidade, corpo, religião e política. O trabalho que a autora vem a desenvolver é descrito como um lugar evocativo, manifesto, simbólico, íntimo,que aborda a relação entre o feminino, a cultura e a religião e que alude a uma história pessoal e a uma atitude empírica onde explora o diálogo entre a realidade e memória alterada pelos impulsos da psique e pelos instintos de um corpo face à existência e consciência colectiva. É licenciada em Artes Plásticas – Pintura e pós-graduada em Teoria e Prática do Desenho pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto. Foi docente de Desenho e de Artes Visuais no ensino secundário e no ensino superior. Realizou diversas exposições individuais e coletivas, bem como residências artísticas.
17h00
Mario Campaña, Leitura do conto El viaje
Mario Campaña (Guayaquil, Equador, 1959) deixou o Equador, seu país natal, em 1992. Vive em Espanha, depois de ter vivido em França, Estados Unidos, México e Grã-Bretanha. Além de uma vasta obra literária, destacando-se a sua Poesía reunida 1988-2018 e títulos como Pájaro de nunca volver (poesia, 2017), Aires de Ellicott City (poesia, 2006), En el próximo mundo (poesia, 2011), Avants ils arrivaient en train/Antes bajaban en tren (relatos, 2012) e Bajo la línea de flotación (romance, 2015), desenvolveu uma obra ensaística no terreno da investigação literária e da filosofia política. É autor de De la Espiral a la Tangente. Ensayos Literarios I (ensaios literários, 2022), Baudelaire. Juego sin triunfos (biografia, 2006), América Latina. Los próximos doscientos años (ed.) (2010), Necesidad de América (ensaio político, 2011), Linaje de malditos. De Sade a Leopoldo María Panero (ensaios biográficos, 2014) e Una sociedad de señores. Dominación moral y democracia (filosofia moral, 2017), uma investigação sobre as democracias. Além destes livros, assinou cinco relevantes antologias de poesia hispano-americana e traduziu Stéphane Mallarmé. A sua obra tem vindo a ser debatida em universidades como a de Salamanca, a Stony Brook University e CUNY Graduate Center de Nova Iorque. Mario Campaña tem dado conferências em diversas universidades da Europa, Estados Unidos e América Latina. Tem vindo a dedicar-se ao estudo da escrita poética das mulheres, desde Safo a Sor Juana, às mulheres de Anáhuac e outras poetas do mundo Asteca. É director e fundador de uma das mais relevantes revistas consagradas à cultura latino-americana, Guaraguao. Nesta revista, Roberto Bolaño publicou, pela primeira vez, alguns dos seus contos. Recentemente, Guaraguao publicou, entre outros, a correspondência do poeta cubano José Lezama Lima e uma extensa entrevista à escritora portuguesa Lídia Jorge, realizada no dia em que foi inaugurada a cátedra com o seu nome na Universidade de Massachussets.
QUELLE DEAD GAZELLE . SUNFLOWERS
17.01 | 23h | 5€
Entre o Serengeti, Chicago e Lisboa há uma planície enorme. Ampla, com um horizonte a perder de vista. Nessa planície corre uma gazela.
Espírito que incorpora este duo, a gazela, fixa-se em Lisboa. Lisboa, dona de mitos, histórias e estórias sabe misturar e ensinar! Colocou na cabeça do guitarrista Pedro Ferreira e do baterista Miguel Abelaira as cadências sincopadas dos ritmos africanos a encontrarem-se com os sons da desconstrução que a aventura pós-rock ofereceu às gerações futuras. Sobre a frecha onde se encontram estas duas placas tectônicas, passado e futuro, peles e electricidade, os dois músicos começaram em 2012 a tocar e trocar ideias. No mesmo ano lançaram o single “Afrobrita”.
Começam, assim, os QUELLE DEAD GAZELLE a correr e sem mostrar sinais de falta de fôlego.
Depois de em 2021 regressarem aos ensaios, os Quelle Dead Gazelle lançam agora o seu segundo longa duração, Dança Suja Chão Sujo, com gravação e produção pelo duo no Haus e mistura por Pedro Ferreira. Vai ser lançado no dia 7 de Novembro e será apresentado ao vivo no dia 11, no MusicBox, em Lisboa.
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Os SUNFLOWERS são mais do que uma banda; são um ritual, um fenómeno. Cada concerto é uma cerimónia elétrica, um momento em que o caos e o barulho se organizam em arte. Com o trio já calejado dos vários anos na estrada, intensificam o magnetismo e o poder do seu som, deixando um rasto de energia indomável na cena independente portuguesa.
Os Sunflowers surgiram em 2014, do Porto, uma cidade conhecida pela sua vibrante história musical underground, que nos deu nomes icónicos na musica portuguesa. Criados por Carlos de Jesus e Carolina Brandão, aos quais se juntou em 2018 Frederico Ferreira, os Sunflowers foram concebidos como uma alternativa ao tédio, começando como um grupo de garage rock inspirado nos anos 60 e evoluindo ao longo dos anos para uma mistura da energia crua do noise rock com as sensibilidades vanguardistas do art punk.
DRKNSS . ORDER IN CHAOS
18.01 | 23h | 5€
Renasceu umas das bandas mais antigas do rock gótico português, formada em 1989.
Foram muitos os concertos ao vivo, com memórias inigualáveis, em palcos que nos tempos de hoje já não existem.
DRKNSS regressa ao activo com os seus temas originais completamente reinventados, contando com 3 elementos da formação original, BarrosOnyx na voz, Xola no baixo e Lobo na guitarra, e ainda com o novo membro – Jorge Oliveira (WAV) nos teclados e programações.
DRKNSS e as suas mais envolventes sonoridades, do mais puro e profundo do universo gótico, rock gótico, com programações marcantes que convertem a viagem num ambiente escuro e melancólico.
O primeiro álbum foi lançado dia 5 de novembro de 2024 e a sua edição esteve a cargo da editora Ethereal Sound Works.
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ORDER IN CHAOS é um projeto formado no final de 2019 por Hugo Santos (ex-baixista do grupo português de rock industrial Waste Disposal Machine) na cidade de Torres Novas, em Portugal. Embora seja um projeto a solo, ocasionalmente envolve a participação de outros músicos.
O objetivo sempre foi fazer música sem limitações de género dentro do universo musical de Hugo Santos. As influências do darkwave, rock gótico, metal, new wave e música orquestral são óbvias. As cartas retratam um imaginário erótico e romântico, sendo ao mesmo tempo sombrio e depressivo. Desde o final de 2019, o projeto vem lançando single após single, o que culminou até agora com a criação do álbum “S(k)in” em 2022. Até 2025, serão lançados periodicamente singles que culminarão na criação de outro álbum naquele ano.
Entretanto, Hugo Santos, face ao número de músicas já lançadas, preparou o projeto para ser tocado ao vivo acompanhado por dois músicos, estando a sua aparição em concerto marcada para 2024.
HUMANA TARANJA . DIVÃ
11.01 | 23h | 5€
HUMANA TARANJA aconteceram por acaso e mantiveram-se de propósito.
Existem entre pop melódico e rock emotivo, no meio de uma sonoridade quase palpável que se agiganta com os nervos à flor da pele.
Estrearam-se ao vivo, em 2018, na última edição do festival Barreiro Rocks. Em 2020, lançaram o EP Quase Vivos, que atravessou a fronteira e ocupou a 26ª posição na lista dos 50 Melhores Discos Portugueses de 2020, segundo a Mindies. Em 2021 tocaram no Festival Emergente e no Festival Termómetro.
Em 2023 surge o primeiro longa-duração da banda, intitulado ZAFIRA – uma história narrada em tom de música, salpicado de cor, mas também coberto por uma distorção aguçada que dá o salto para aquilo que vem depois.
EUDAEMONIA é o segundo longa duração da banda e chegou a todas as plataformas dia 14 de outubro de 2024.
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DIVÃ são uma banda sediada na Amadora, que conta com dois gajos de Matosinhos (Salvador e Nery), um de Almada (Milho), um puto de Carcavelos (Francisco) e uma senhora de Mafamude (Mafalda). Em 2024 lançaram o seu EP de estreia “Filho Prodígio”.