LUÍS CONTRÁRIO . MONCHMONCH
26/04 . 22h . Entrada 5€
O primeiro disco de Luís Contrário – “músicas de dança para pessoas tristes”, editado pela Saliva Diva – surge da fusão de melodias tristes com ritmos dançáveis.
Um baixo, um pedal de loops, uma drum machine e um sintetizador entram num bar com pouca iluminação, todo feito em madeiras escuras. Está uma bola de espelhos barata no canto da sala que faz com que o bar ganhe um tom arroxeado. São 3h42, os pés já colam no chão, culpa de bebidas derramadas. Há restos de serpentinas e balões de uma festa de anos foleira espalhados por todo o lado. A festa era da Sandra, 37 anos. Fez na quarta, mas só no sábado é que deu para festejar. Não é bem a mesma coisa, mas foi para o que deu.
É para este universo que nos transporta o som de Luís Contrário. O título “músicas de dança para pessoas tristes” prepara-nos para o que vamos ouvir nos 20 minutos seguintes. Vamos dançar tristes. A abafar a aflição ou a celebrar a melancolia. Forçar o ritmo da felicidade numa melodia que não quer sorrir. Vamos ser felizes refugiados na tristeza. Afinal, é um estado que todos conhecemos. Estar feliz, mas triste.
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MONCHMONCH é uma onomatopeia usada para expressar mordidas ou algo sendo devorado. Seu nome declara natureza antropofágica, de digerir elementos estrangeiros do rock em algo brasileiro, e é numa metamorfose de algo como “Viagra Boys” com “Tom Zé” que MONCH mostra os dentes. A sonoridade punk e experimental, as narrativas absurdas, os atos performáticos e a carga satírica que reside em sua obra, servem de mapa para estourar dinamites dentro da víscera de um monstro, como “Jeff Bezos paga um pão de queijo”, “Merda” e “Vampira “.